quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um tiro no pescoço. E a vida por um fio.

Por Tatiane Ribeiro
Baleado no pescoço na noite de sábado, quando se preparava para assistir ao jogo do Bahia com um grupo de amigos num bar no bairro de Nazaré, o jovem A., de 20 anos, está internado na UTI do Hospital Geral do Estado, com a vida por um fio. Com a bala alojada na medula, ele sofreu muitas seqüelas e está respirando por aparelhos. Médicos disseram que é necessário e urgente que se faça um exame de broncoscopia, para detectar se existem coágulos no pulmão, impedindo a respiração. Mas o procedimento ainda não foi realizado porque o aparelho que faz o exame está quebrado. E o resultado do exame é determinante para que se faça uma cirurgia ou não para retirada de eventuais coágulos. A família, abalada com a tragédia, sofre com a possibilidade de perder o rapaz, cujo nome é preservado a pedido dos pais. De acordo com a mãe do jovem, no HGE o aparelho que realiza este exame está quebrado, e a direção do hospital disse não ter como obter outro equipamento. O jovem está respirando artificialmente, com ajuda de aparelhos, e seu estado é muito grave. “Se esse exame não for realizado, ele pode morrer. Pelo estado delicado em que se encontra, meu filho não tem condições de ser transferido para uma outra unidade médica. Eu imploro que alguma medida seja tomada para salvar a vida do meu filho”, implora. De acordo com informações da Secretaria de Saúde, o estado do jovem é grave. Ele está na UTI e corre também o risco de permanecer numa cadeira de rodas. A secretaria ainda afirmou que o exame de broncoscopia será providenciado. De acordo com a mãe do rapaz, caso o exame seja feito e for constatado que um coágulo está o impedindo de respirar, ele se submeterá a uma cirurgia.
Ataque seria ação de torcida
Eram 15h50 da tarde de sábado quando um grupo de amigos iria se reunir para assistir uma partida de futebol entre os times do Bahia X Barueri num bar, em Nazaré. De acordo com L, amigo do jovem atingido, que presenciou todo o episódio, eles iriam se reunir para assistir ao jogo do Bahia. A vítima estava na praça em frente à Escola de Engenharia, em Nazaré, esperando os amigos quando ele viu um Corsa prata com cinco homens, que seriam torcedores do Vitória, dentro do veículo. “Três deles saíram do carro e correram atrás do meu amigo, que começou a gritar desesperado: “Já vêm os caras!”. Logo depois ouvi o barulho do tiro e meu amigo estendido do chão, todo ensangüentado”, afirmou. A testemunha ainda disse que o autor do disparo, junto com os outros dois correram, entraram no carro e fugiram. “ Eles estavam com um revólver que seria de calibre 38 e uma faca. Nós nem esperamos o Samu. Colocamos uma camisa no pescoço dele e o levamos para o HGE.”, disse. Desesperada, a mãe do jovem atingido, que em prantos quase não conseguiu falar, disse que não se conforma com a banalidade do motivo do crime. “Sou espírita e não vejo razões para que uma pessoa tire a vida da outra. Parece que é diversão de alguns torcedores de futebol usar a violência para se impor ou meter medo. Estou em estado de choque com a possibilidade de perder meu filho”, desabafou. A mãe do estudante contou que ele vinha sendo ameaçado por torcedores do Vitória há mais de um ano. Por este motivo, eles saíram de Salvador para morar em Alagoinhas. “Várias vezes já vi mensagens ameaçadoras de morte no Orkut dele. Fiquei muito preocupada e resolvi me mudar. Meu filho fazia curso de Segurança do Trabalho no interior e estava em Salvador apenas para passar o fim de semana e retornar para casa. Acontece uma tragédia dessas e não sei o que fazer.”, afirmou. A tragédia desse jovem não é um caso isolado entre crimes ocorridos devido a rivalidade no futebol na Bahia. Um torcedor foi espancado até a morte após a partida de Bahia X Vitória, que terminou empatada, no ano passado. Luis Carlos Vitor, 41, torcedor do Vitória, não resistiu aos ferimentos e morreu antes de chegar ao hospital. De acordo com informações da polícia, após o gol do rubro-negro, torcedores do Bahia teriam jogado uma bomba caseira, que atingiu vários integrantes.
Polícia acusa jovens de invadir casa e traficar drogas
Cinco rapazes foram presos ontem por invasão de domicílio e tráfico de drogas no bairro de Engomadeira. Entre eles estão dois adolescentes. Eles foram levados para a 11ª Delegacia de Polícia, em Tancredo Neves, onde Vanderley Santos, Gabriel Oliveira e Luciano Oliveira negaram o envolvimento e afirmaram que estavam empinando pipas quando ouviram tiroteio e procuraram se esconder. Sobre as munições e cracks apresentados pelos policiais da 23ª CIPM o grupo também disse desconhecer o material. A versão apresentada pelo sargento Carlos aos policiais civis foi a de que uma denúncia de invasão de residência fez com que sua guarnição se deslocasse até a Rua 24 de agosto, na Engomadeira. A casa citada estava com a porta entreaberta e numa averiguada os PM’s encontraram os jovens escondidos em um dos quartos da residência, com o material pronto para a venda. Para o flagrante foram apresentados um cigarro de maconha, uma peixeira, 20 pedras de crack. Nenhum deles tem passagens pela polícia. Todos assumem que o cigarro estava sendo fumado por eles.

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